REFERENCIAIS TEÓRICOS
A cada semestre, criamos um planejamento bibliográfico afinado com os interesses dos membros do grupo e montamos nosso cronograma de leituras e discussões semanal e mensal. Deixamos aqui alguns dos títulos já estudados por nós, que nos ajudaram a enriquecer nossas conversas e atividades.
A RALÉ BRASILEIRA
JESSÉ SOUZA
A ralé brasileira – quem é e como vive, Jessé Souza, André Grillo et AL. (colaboradores), Área: Sociologia, Coleção: Humanitas 2009. ISBN: 978-85-7041-787-9.
“A ralé é a grande questão esquecida”.Essa é a opinião do sociólogo Jessé Souza, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no livro “A Ralé Brasileira” (Editora UFMG), que organizou com artigos seus e de outros autores. O Brasil não tem 500 problemas, mas um grande problema, que é essa desigualdade abissal do qual decorre mais de mil problemas”, afirmou.
De acordo com levantamento estatístico contido no livro, um terço dos brasileiros vivem sob condições precárias e excluídos sócio-culturalmente.
Para Jessé, o problema da ralé é “a questão mais importante no Brasil moderno” e está associado a outros problemas como a segurança pública, o trabalho informal, o racismo e o preconceito regional. Apesar da importância social que tem, “a desigualdade não é nem percebida enquanto tal. Nós a naturalizamos”, na avaliação do sociólogo. Ele, no entanto, acredita que esse pensamento não é algo racional, mas tem uma função mais eficiente justamente por ser “pré-reflexivo”. De acordo com ele, o livro também mostra como, em vez da luta, a ralé brasileira compartilha do consenso que legitima a desigualdade e a exclui. A importância do livro, na visão dele, é a possibilidade de reflexão. “Não existe crescimento de sociedade sem autocrítica”, acredita Jessé.
MARX HOJE – PESQUISA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
ISABEL FERNANDES DE OLIVEIRA et al. (organização)
“O que fica de Marx hoje? Quão útil é seu pensamento para a luta por emancipação? Que parte de sua obra é mais fértil para estimular a crítica aos nossos tempos? Estas são algumas das questões que recebem largamente várias respostas. Se o ressurgimento contemporâneo de Marx tem uma certeza, esta recai sobre uma rejeição da ortodoxia e do dogmatismo que dominaram no passado e profundamente condicionaram a interpretação desse pensador. A tarefa de responder a esta nova situação está atribuída à pesquisa, teórica e prática, de uma nova geração emergente de ativistas políticos e acadêmicos.
Este livro, com contribuições tanto de autores estabelecidos quanto de jovens pesquisadores, e escrito no Brasil, um dos países do mundo onde a análise de Marx tem sido cada vez mais demandada, representa uma útil contribuição nessa direção. Reconhece-se que, sem Marx, estaríamos todos mais pobres e que qualquer crítica séria e radical ao capitalismo estaria coordenada a uma grave afasia.”
Marcello Musto (York University)
BORDIEU & A EDUCAÇÃO
MARIA ALICE N. NOGUEIRA e CLÁUDIO M. MARTINS NOGUEIRA
Voltada principalmente para educadores, pesquisadores, estudantes dos cursos de pedagogia e licenciaturas e demais interessados em Educação, a Coleção Pensadores & Educação apresenta seu quinto título. Esta obra analisa o pensamento de Pierre Bourdieu, autor que teve o mérito de formular, a partir dos anos 60, uma resposta original, abrangente e bem fundamentada, teórica e empiricamente, para o problema das desigualdades escolares. Essa resposta tornou-se um marco na história, não apenas da Sociologia da Educação, mas do pensamento e da prática educacional em todo o mundo.
DA POBREZA AO PODER
DUNCAN GREEN
Este livro argumenta que será necessário promover uma redistribuição radical de poder, oportunidades e ativos para romper o ciclo da pobreza e da desigualdade e permitir que pessoas em situação de pobreza assumam o comando de seus próprios destinos. Cidadãos ativos e estados efetivos são as forças que estão impulsionando essa transformação. Por que cidadãos ativos? Porque pessoas em situação de pobreza devem ter o direito de participar de decisões que definam seu destino, de lutar por direitos e justiça na sua sociedade e de cobrar responsabilidades do Estado e do setor privado. Por que Estados efetivos? Porque a história revela que nenhum país prosperou sem uma estrutura estatal efetivamente capaz de administrar ativamente o processo de desenvolvimento. Esta publicação defende a noção de que líderes, organizações e indivíduos devem agir juntos enquanto há tempo.
A SOCIABILIDADE DO HOMEM SIMPLES
JOSÉ DE SOUZA MARTINS
É nos limites, nos extremos da realidade social, que a indagação do cientista se torna fecunda. A explicação sociológica é incompleta e pobre se não passa pela mediação do insignificante. O relevante está no ínfimo, na vida cotidiana fragmentária e aparentemente sem sentido. Este livro, escrito por um dos mais importantes sociólogos brasileiros contemporâneos, trata da vida social, do imaginário e da visão de mundo do homem simples e cotidiano.
A INVISIBILIDADE DA DESIGUALDADE BRASILEIRA
JESSÉ SOUZA
O conjunto de textos reunidos nesse livro é um convite ao debate sobre a desigualdade brasileira. Eles são resultados de pesquisas empíricas e teóricas iniciadas em 1996 e representam o primeiro esforço articulado de elaboração de uma ‘teoria da ação social’ alternativa para o contexto da modernidade periférica brasileira e latino-americana, baseada em uma reconstrução sociológica criativa e crítica. O objetivo é mapear o tema da desigualdade e da sua legitimação e naturalização no Brasil contemporâneo em todas as suas manifestações principais, tornando os textos apresentados aqui, desse modo, convites ao diálogo.
RIQUEZA E DESIGUALDADE NA AMÉRICA LATINA
ANTÔNIO DAVID CATTANI (ORG.)
Com frequência os estudos de estratificação social desconsideram a importância dos ricos, por estes serem numericamente insignificantes. No entanto, é fundamental compreender que os setores dominantes atuam diretamente na estrutura social, na acumulação de riqueza e na concentração das fortunas. As novas perspectivas analíticas focadas na posse da riqueza substantiva e nos processos relacionais decorrentes disto permitirão desvelar as raízes das desigualdades e, sobretudo, entender como operam as forças que estão impedindo a construção de um mundo mais justo e equânime.
AS METAMORFOSES DA QUESTÃO SOCIAL
ROBERT CASTEL
O autor traça um amplo panorama histórico da constituição da “sociedade salarial” moderna, partindo dos pobres, desvalidos e vagabundos da Idade Média, onde começaram a esboçar-se as primeiras reformas sociais, até chegar nos sistema de proteção, garantias e direitos sociais que garantem a inclusão moderna das pessoas na situação assalariada. O tema que perpassa o livro é o enigma da “questão social”, implicado na “crise” da sociedade salarial.
AS ARTIMANHAS DA EXCLUSÃO – ANALISE PSICOSSOCIAL E ÉTICA DA DESIGUALDADE SOCIAL
BADER SAWAIA (ORG.)
Este livro tem um objetivo bem claro: pretende compreender as diferentes dimensões da exclusão, ressaltando a dimensão objetiva da desigualdade social, a dimensão ética da injustiça e a dimensão subjetiva do sofrimento. Ele foi germinado no Núcleo de Estudos Psicossociais da Dialética Exclusão/inclusão, do Programa de Pós-Graduação em psicologia Social da PUC-SP Ampliou-se e enriqueceu-se com a colaboração de estudiosos e pesquisadores da temática, de outras áreas do conhecimento, unidos pelo desejo de fortalecer os elementos potencialmente emancipatórios dos que estão em situação de exclusão, através de práxis e políticas públicas de enfrentamento da inclusão perversa.
PSICOLOGIA DAS MINORIAS ATIVAS
SERGE MOSCOVICI
Neste livro Moscovici demonstra mediante uma série de proposições que as minorias não são dicotômicas ou seletivas e poderosas, ou impotentes e conformistas; mas que há um terceiro tipo: o das minorias ativas que induzem mudanças na maioria. A Teoria Genética que propõe neste livro insiste na produção de conflitos, mais que no controle social e na conformidade, partindo da premissa básica de que todo o indivíduo em um grupo e todo grupo em uma sociedade é, ao mesmo tempo, fonte potencial e receptor potencial de influência, à margem da quantidade de poder que o sistema social lhe atribua.
VIVER POR UM FIO – POBREZA E POLÍTICA SOCIAL
ANETE BRITO LEAL IVO
Neste livro a socióloga baiana demonstra, como a questão social aparece como uma das grandes invenções da modernidade. Dialoga com autores clássicos importantes para explicar a construção social, a responsabilidade do Estado na organização da proteção social e o papel da sociologia de racionalizar a estruturação das sociedades urbano-industriais. Ao mesmo tempo, a autora demonstra que, em sociedades surgidas na periferia do capitalismo ocidental, como o Brasil, a questão social tem peculiaridades dadas pela presença de um Estado social que nunca se emancipou e de uma exclusão social que reaviva o tradicional dentro do moderno. A análise das mudanças da sociedade brasileira ente os anos de oitenta e dois mil é esclarecedora das tentativas de os governantes enfrentarem a pobreza mediante políticas de “focalização” que, se, por um lado, minimizam as desigualdades da renda, por outro, constituem medidas paliativas fase aos desafios maiores colocados pela universalidade da proteção social no novo milênio.
SOCIOLOGIA CRÍTICA – ALTERNATIVAS DE MUDANÇA
PEDRINHO A. GUARESCHI
O livro é desmistificador e libertador. Necessário para todos os que realmente desejam uma educação libertadora e uma ação eficiente na sociedade. Pedrinho A. Guareschi trata dos assuntos mais importantes em Sociologia, sempre mostrando as coisas nos seus dois lados: o que todos dizem e principalmente o que é escondido, mistificado. “Sociologia Crítica” dá ênfase à prática e tem por objetivo principal colaborar com os que desejam mudar as coisas e não apenas manter as coisas como são. Procura discutir os problemas mais importantes e urgentes, com simplicidade, profundidade e clareza.
PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA – PARALAXES DO CONTEMPORÂNEO
ALUÍSIO FERREIRA DE LIMA (ORG.)
Seguindo na contramão dos livros de Psicologia Social nos quais todos os textos e autores concordam entre si (em teorias, metodologias e objetos) é justamente a ideia de paralaxe (diferentes possibilidades de olhar para os mesmos objetos) e a perspectiva crítica na produção de conhecimento em Psicologia Social que expressam a linha central que amarra todos os ensaios deste livro. Entretanto, como o leitor poderá observar durante a leitura dos capítulos, mesmo com algumas divergências teóricas e metodológicas entre si os autores estão de acordo na compreensão de que o objetivo central da Psicologia Social está na crítica do planejamento de tecnologias de manutenção do estado de exceção, no qual o dissonante, a pobreza, a fome, o descontentamento são ao mesmo tempo excluídos e capturados sob novas formas de dominação, mais sutis e alinhados aos ditames capitalistas. Os ensaios expressam o desejo comum pela emancipação social e são colocados, ao mesmo tempo, como uma provocação para o pensamento indolente e um convite à participação e transformação do mundo.
Um dos capítulos do livro foi escrito pela nossa coordenadora, Profa. Dra. Denise Nascimento.
DE VOLTA AOS EMBALOS DE SÁBADO À NOITE: A DANÇA DE SALÃO NA TERCEIRA IDADE
DENISE SILVA VASCONCELOS
“Velhice”, “gênero” e “consumo” constituem o eixo principal deste livro de Denise Silva Vasconcelos, resultado de uma pesquisa de doutorado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará. Partindo da problematização sobre as conexões entre três elementos sociais presentes na espinha empírico-analítica deste trabalho, Denise “caiu na dança” para investigar e compreender, com os rigores teórico-metodológicos e o prazer próprios de uma pesquisadora crítica e criativa, a relação entre a “velhice feliz” e o investimento mercadológico, associado às práticas de consumo, que se percebem nas últimas décadas, envolvendo mulheres acima de sessenta anos, provenientes das classes média e alta. Seu campo empírico específico foram bailes e academias de dança de salão, na cidade de Fortaleza-CE, onde interagiu com as protagonistas sem perder de vista o engajamento,o distanciamento analítico e a ética que marcam a escrita deste livro. As “mulheres-senhoras-dançarinas”, que estão no centro das análises da pesquisadora: Águia, Andorinha, Beija-flor,Bem-te-vi, Chorozinho, Jaçanã, Primavera e Sabiá, querem ser felizes, ao seu modo, consumindo e dançando em um cenário no qual a chamada “terceira idade” constitui um público-alvo consumidor de serviços e mercadorias dirigidos a ele. Devo destacar que a trajetória de vida e a sensibilidade da pesquisadora relacionam-se diretamente ao modo como os “passarinhos” levantaram voo, sobrevoaram e pousaram neste seu trabalho, a partir do qual os leitores em geral precisam confirmar a lição trazida por Denise, qual seja: a de que a “felicidade” não tem sexo nem idade e, além de um sentimento individual, é uma construção social conectada às visões de mundo e aos modos de ser e de viver das sociedades capitalistas.”
POBREZA POLÍTICA – POLÊMICAS DO NOSSO TEMPO
PEDRO DEMO
Colocar a questão da pobreza será estranho para muitos, porque somente reconhecemos nela o eco material. Pobre é o faminto. É quem habita mal ou não tem onde habitar. É quem não tem emprego ou recebe remuneração abaixo dos limites da sobrevivência. Não estamos habituados a considerar com pobre a pessoa privada de sua cidadania, ou seja, que vive em estado de manipulação, ou destituída da consciência de sua opressão, ou coibida de se organizar em defesa de seus direitos…
A pobreza política é uma tragédia histórica, na mesma dimensão da pobreza socioeconômica, e se retrata, entre outras coisas, na dificuldade de formação de um povo capaz de gerir seu próprio destino e na dificuldade de institucionalização da democracia.
UMA SOCIOLOGIA DA VIDA COTIDIANA
JOSÉ DE SOUZA MARTINS
A Sociologia da vida cotidiana se propõe a investigar, descrever e interpretar desde as simples ocorrências de rua até os fatos e fenômenos sociais relevantes e decisivos. Neste livro, o autor faz um mergulho nesse campo e investiga peculiaridades da sociedade brasileira, particularmente sobre as Ciências Sociais dentro e fora da sala de aula, a desigualdade social, a cultura popular e a língua que falamos.
O PODER SIMBÓLICO
PIERRE BOURDIEU
O poder simbólico é esse poder invisível, o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem. Poder quase mágico, que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica), só se exerce se for reconhecido, ignorado como arbitrário. O poder simbólico é esse poder invisível, o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem. Poder quase mágico, que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica), só se exerce se for reconhecido, ignorado como arbitrário.
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA SUBCIDADANIA
JESSÉ SOUZA
A construção social da subcidadania pretende ser uma alternativa teórica às questões centrais da reflexão sobre a singularidade de sociedades periféricas como a brasileira, abordando os temas da subcidadania, da naturalização da desigualdade e da singularidade do processo de modernização entre nós. O objetivo é elaborar uma concepção teórica alternativa, tanto em relação às abordagens personalistas, patrimonialistas e hibridistas destes fenômenos, quanto em relação às percepções conjunturais e pragmáticas que perdem o vínculo com qualquer realidade mais ampla e totalizadora.